sábado, 21 de julho de 2012

O Vestris do Norte



Bom, como eu citei no post anterior hoje eu tive o grande prazer de conhecer a história de Nijinsky.


Após uma pesquisa no google, encontrei um pouco de sua história...


                   Gênio da dança com a alma de um fauno

Um deus de sapatilhas nasceu aqui.
                                      Por onde passou, deixou rastros de perfeição artística e de sonhos desfeitos.



Vaslav Nijinsky
"Polêmico, atormentado, genial e esquizofrênico, o bailarino russo Vaslav Nijinsky traz em sua biografia os ingredientes exatos para compor à perfeição o perfil de um personagem romântico. Dono de uma personalidade ambígua, para dizer o mínimo, o mesmo Nijinsky que escandalizava as platéias com a ousadia de sua arte mostrava-se, fora dos palcos, uma criatura frágil e dependente. Um deus de sapatilhas que  jamais soube conviver com as limitações impostas pela convivência social.


 Nascido em 1888, Nijinsky iniciou nas aulas de ballet aos 9 anos, levado por sua mãe. O primeiro papel de destaque veio aos 18 anos, em Le Pavillon d’Armide. Em 1908 é apresentado ao empresário e diretor de balé Sergei Diaghilev (1872-1929), através de seu então namorado, o príncipe Pavel Lvov.


 Carismático e de forte personalidade, Diaghilev dirigia com mão de ferro o Ballets Russes, criado por ele em 1909 com o objetivo de sacudir o marasmo que acreditava haver feito o ballet estacionar no tempo. O empresário, que sonhava com a europeização da dança russa, utilizava àquela época o talento do coreógrafo Michel Fokine (1888-1942), dos cenógrafos Leon Bakst /1866-1924) e Alexandre Benois (1870-1960), e dispunha de estrelas de primeira grandeza, como a legendária Anna Pavlova (1881-1931).


A apresentação a Diaghilev – um divisor de águas na vida de Nijinsky – causou forte impressão no rapaz, que escreveu mais tarde em seu diário: “Não gostei dele por sua voz segura. Evitei fazer amor com ele mas fingi, porque sabia que, de outro modo, minha mãe e eu morreríamos de fome”. Há quem duvide da afirmativa, uma vez que o testemunho de Nijinsky foi cunhado quando o bailarino já apresentava distúrbios mentais. Há de se observar, também, que o relacionamento com Diaghilev havia sido marcado por paixão e desespero. O rompimento com o empresário é freqüentemente apontado como a causa que desencadeou o processo de desequilíbrio que arrastou ao limbo o maior mito da dança de todos os tempos.


A personalidade de Diaghilev não permitia que se lidasse com muita facilidade com o empresário. Incensado por seus contemporâneos – sua companhia excursionava por todo o mundo e recebia colaborações de mestres como Claude Debussy, Maurice Ravel e Albert Roussel – , corre a lenda de que Diaghilev tinha verdadeiro horror a doenças e tomava cuidados extremos para não se contaminar: vivia a limpar as mãos, não permitia que seus lábios fossem beijados e usava um lenço imaculadamente limpo para proteger a face. Também é notório o pavor que sentia de viajar em navios. Por haver uma cigana previsto que morreria afogado (o que efetivamente acabou ocorrendo), Diaghilev evitava a qualquer custo aventurar-se ao mar.


Quanto a Nijinsky, apesar de fora dos palcos mostrar uma personalidade frágil, que buscava o apoio de Diaghilev (e mais tarde da mulher, Romola) para decisões mínimas, revestia-se de força descomunal ao encarar a platéia. Aliado a uma técnica perfeita, que mantinha hipnotizados os espectadores de sua dança, o carisma do bailarino deu ensejo a transformações significativas no panorama do ballet de seu tempo."


“Dançar é estabelecer um contato visceral com forças misteriosas da natureza; é chegar às máximas possibilidades de articulação do corpo humano em harmonia com os sons em volta. Dança é, muita além disso: acompanhar a música interior que torna divino o meramente humano, é ser ao mesmo tempo deus e demônio, pela sublimidade do movimento” 

                                                                                                                          (Adler Stern)

Nijinsky amava um sonho


"Seu maior triunfo foi elevar a figura masculina à mesma altura que o elemento feminino nos balés. Em alguns casos, tanto engenho e arte foram premiados ao manter cativos os olhos do público. O primeiro papel de destaque de Nijinsky depois que conheceu Diaghilev foi como Albrecht, em Giselle, que estreou em Paris em 1911. Com o mesmo papel o bailarino protagonizou seu primeiro escândalo: instado por Diaghilev, Nijinsky dançou sem o calção que cobria seu leotard (a malha justa usada pelos bailarinos). A performance ocorreu em São Petersburgo, em apresentação a que estava presente a família imperial.


O coquetel teve efeito imediato e custou a Nijinsky, logo no dia seguinte, sua demissão do corpo de ballet do teatro Mariinsky. O mais renomado biógrafo do bailarino, Richard Buckle, acredita que o episódio pode ter sido um ardil de Diaghilev para que Nijinsky perdesse o emprego e se tornasse exclusivo dos Ballets Russes.


No período em que trabalhou exclusivamente para Diaghilev, Nijinsky protagonizou alguns dos mais importantes ballets do inicio deste século. Quase todas as peças eram de autoria de Michel Fokine, então no auge da carreira: Le Espectre de la Rose, Petrushka, Daphne e Chloé, Narciso e Le Diesu Bleu (esse com libreto de Jean Cocteau). Foi um período de glória, com uma sucessão de excursões e êxito. Encorajado por Diaghilev, por quem mostrava verdadeira adoração, Nijinsky decide que as coreografias de Fokine já não suprem sua alma sedenta de novas experimentações e passa a criar seus próprios ballets. Indignado, Fokine abandona os Ballets Russes.


As três coreografias assinadas por Nijinsky – “L’Après Midi d’un Faune”, “Jeux” e “A Sagração da Primavera” – revolucionaram os círculos ligados à dança. L’Après Midi d’un Faune causou um escândalo sem precedentes ao ser apresentada em Paris a 13 de maio de 1912. O público que naquela noite foi ao Théâtre du Châtlet para assistir à estréia de Nijinsky como coreógrafo teve motivos de sobra para surpreender-se. Primeiro porque L’Après Midi mostrava uma sensualidade quase afrontosa para os padrões da época e depois porque rompia violentamente com as características fundamentais do ballet tradicional: em vez de tentar aprisionar os espectadores também com o olhar, nenhum dos bailarinos olhava de frente, todos mantinham-se de perfil diante da platéia, tratada com indiferença pelo coreógrafo. Mesmo a mudança de direção não fazia com que os espectadores pudesse contemplar os rostos: os bailarinos, com rápidos movimentos, trocavam o perfil esquerdo pelo direito. A sexualidade transbordava do fauno protagonizado por Nijinsky que, entretanto, em nenhum momento dava mostras de gestos sensuais, nem mesmo chegava a tocar as ninfas/bailarinas que lhe desatavam as amarras da imaginação. Mas por uma técnica quase sublime, o desejo do fauno é sensível. O fogo que lhe percorre as veias não está atestado senão por um sorriso de lascívia quase imperceptível, mas há paixão, há sexo e uma ousadia suprema. Volúpia de sonho e delírio. Audácia. Nijinsky escancara o rosto debaixo da máscara, revela a sensualidade escondida, abre as janelas. O final do ballet, com o bailarino simulando masturbar-se no palco, entrou para a história como o maior escândalo da dança neste século.


 As outras duas coreografias – Jeux, sobre uma partida de tênis, e A Sagração da Primavera - não tiveram o reconhecimento que o bailarino esperava. Nesta última, sobre a música do genial Igor Stravinsky, Nijinsky elaborou uma coreografia que é sua mais arrojada criação. A história do sacrifício de uma virgem aos deuses russos não é aceita com facilidade pelas platéias acostumadas a aplaudir o estritamente conhecido.

Em setembro de 1913, os Ballets Russes excursionam pelo Rio de Janeiro e Buenos Aires. Por ser uma viagem marítima, Diaghilev não veio. Atormentado pelos ciúmes, Nijinsky casou-se precipitadamente com uma das bailarinas da companhia, Romola de Pulszky, mulher determinada que passa então a controlar a vida do marido.


Ao saber da notícia, Diaghilev demite Nijinsky, dando ensejo aos problemas mentais do bailarino. A tentativa de Nijinsky de montar seu próprio grupo sucumbiu 16 dias após o início. Durante a I Guerra Mundial esteve internado em um campo de concentração na Hungria, de onde só saiu em 1916 por intercessão de Diaghilev. Dançou pela última vez em 1919, aos 29 anos. A aceleração de seu desequilíbrio mental fê-lo sofrer por aproximadamente dois anos antes que a morte viesse estender-lhe braços amigos."

* Para os críticos, Nijinski era dotado de uma técnica extraordinária. Por isso, foi chamado por muitos como o deus da dança, a oitava maravilha do mundo e o Vestris do Norte (referência ao bailarino francês Auguste Vestris, junto ao qual seria sepultado, no cemitério de Montmartre, em Paris). Nijinski revolucionou o balé no início do século XX, conciliando sua técnica com um poder de sedução da plateia, os seus saltos pareciam desafiar a lei da gravidade.

Fonte: Arte Livre e Wikipédia

Amor Eterno


Hoje eu tive o grande prazer de conhecer a história de Nijinsky (o meu conhecimento em relação a esse gênio do universo da dança era limitado, porém, é com grande satisfação que digo o quanto eu aprendi hoje sobre ele e seu legado).

Bom, mais cedo eu estava pesquisando no youtube alguns bailarinos e descobrindo talentos que antes eram desconhecidos (por mim, é claro).

Em meio a tantos vídeos, assisti a uma entrevista realizada com o bailarino Marcelo Gomes (1º bailarino do American Ballet Theatre) no programa Programa do Jô (Rede Globo). Papo vai, papo vem, e o apresentador citou Nijinsky e um certo acontecimento com o mesmo.

* Confira abaixo:

"Você sabe que tem uma foto maravilhosa do Nijinsky que foi tirada por um acaso pelo Jean Manzon que trabalhava no Brasil, num cruzeiro. Foram fazer uma matéria exatamente no hospício onde estava internado Nijinsky já há vinte anos e totalmente catatônico, sentado sem dizer uma única palavra. Quando ele viu o Jean Manzon com a câmera ele falou assim: "Você fotografa?" e o Jean Manzon falou: "Fotografo" e em seguida o Nijinsky falou: "Eu já dancei" e deu um pulo e o Jean Manzon pegou essa fotografia. Ele um senhor, gordo, careca e no ar."

Assisti a entrevista até o fim, mas com uma vontade imensa de que fosse mostrava a tal foto. Estava morrendo de curiosidade, afinal, tratava-se de Vaslaw Nijinsky, um revolucionário. Fora que, o que o apresentador Jô Soares comentou prendeu totalmente a minha atenção, o que eu ouvi realmente me emocionou muito e a partir disso a minha admiração e respeito por esse renomado gênio aumentou.

Ficou claro que após tantos anos afastado do palco, sem ter qualquer tipo de contato, qualquer tipo de convivência com algo pelo qual o mesmo se dedicou por tantos anos, e pelo qual fez tantos sacrifícios, permanecia em sua memória. Tal bailarino escontrávasse num estado mental de risco, pois desenvolveu  esquizofrenia. Mas ainda assim, a dança ainda correia em suas veias, e tudo o que foi realizado e aprendido pelo mesmo estava guardado em sua memória. Isso "minha gente" é amor eterno.

* Para os que também ficaram curiosos em ver "a tal" foto, sim, eu dei uma breve pesquisada e a encontrei:


Vaslaw Nijinsky
Fotógrafo: Jean Manzon
* Fonte da história:


quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ballet é arte, e arte não tem sexo


Quem tem conhecimento sobre o ballet, sabe que o papel masculino dentro dessa vertente da dança, é muito importante por requerer força e virilidade.

É um grande equívoco por parte de alguns dizer que ballet "é coisa de menina" ou que homens que dançam são todos homossexuais. Dito isso, é automático considerarmos essa pessoa ignorante e desinformada.

Não nego que existam sim homossexuais no universo da dança, é algo muito comum, mas em que profissão hoje em dia não existe essa diversidade sexual?! E ainda que seja algo muito comum, o número de bailarinos héteros também é grande e temos muitos exemplos mundo afora de bailarinos profissionais reconhecidíssimos e bem-sucedidos em suas carreiras que são casados com mulheres, em sua maioaria também bailarinas.

Alguns exemplos:

  • Thiago Soares e Marianela Nuñez (The Royal Ballet)
  • Francisco Timbó e Melissa Timbó (Teatro Municipal do RJ)
  • Johan Kobborg e Alina Cojocaru (The Royal Ballet)
  • Ivan Vasiliev e Natalia Osipova (Mikhailovsky Theatre)

Cada um tem a sua opção sexual e de maneira alguma a sua vida pessoal interfere na profissional, ainda que um bailarino seja homossexual, se ele leva o seu trabalho a sério, a sua opção sexual passa despercebida no palco pois ali ele interpreta a personagem que lhe foi confiada.

Acompanhe abaixo algumas matérias que encontrei na rede e que faço questão de compartilhar com os leitores do blog.


Héteros falam do preconceito em dançar balé

Além de encarar uma maratona de treinos todos os dias, os garotos que decidem fazer ballet ainda precisam lidar com outro problema: o preconceito.

Visto como uma atividade específica para mulheres, o ballet fascina meninos adolescentes que sonham um dia viver para dançar. Hélio conheceu o ballet aos 12 anos. Pela dedicação e responsabilidade, acabou ganhando uma bolsa para estudar em uma escola no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje, após cinco anos, ele relembra sua trajetória: “Muitos amigos meus pararam de falar comigo. Diziam que eu era gay, que não podiam andar comigo porque eu fazia ballet”, afirma Hélio, que não se arrepende de nada, muito pelo contrário, até se orgulha por ter passado e estar passando por tudo isso.

O professor de dança Juan Pablo também tem história para contar. Juliana, que também é bailarina, tinha dúvidas sobre a sexualidade do namorado e a primeira pergunta feita a ele foi se Juan era “bem resolvido”. Juan não perdeu o rebolado e categoricamente disse que era “bem resolvido até demais”. “O preconceito existe sim, mas o bailarino hétero pega muito mais menina do que os caras por aí”, acredita Juliana.

Apesar do otimismo dos depoimentos acima, Nelma Darzi, professora e dona de uma academia de dança no Rio, mostra que o preconceito continua enraizado. “Eu criei rapazes que entraram aqui na faixa dos oito anos de idade. E, realmente, eles tinham gestos muito femininos. Mas, aqui dentro da escola, por conta do carinho das pessoas, e por cobrarem essa posição de que você é um menino, você é um rapaz e seu papel tem que ser de homem e não de moça, eles foram modificando esse gestual efeminado, adquirindo uma postura masculina”.

O jovem Matheus também confirma o estigma carregado pelos bailarinos. Praticante de futebol, ele conta que quando decidiu trocar as chuteiras pelas sapatilhas, família e amigos se surpreenderam. “Minha mãe nunca se intrometeu, mas uma vez ela perguntou se era isso mesmo que eu queria fazer e se não estava virando viado”, revela o jovem.

Uma coisa é certa. Independente da sexualidade de cada um, o balé é lindo.

Fonte: Site e revista - ACAPA


A história do Marcelo

Marcelo Gomes tinha cinco anos quando começou a dar as primeiras piruetas. De tanto observar a irmã mais velha, que fazia dança, ele conseguia imitar toda a coreografia e aos sete anos seus pais o matricularam numa escola de balé clássico, no Rio de Janeiro.

Hoje, aos 21 anos, ele é um dos mais promissores bailarinos do mundo e integra o time de uma das principais companhias de dança clássica dos Estados Unidos, a American Ballet Theatre. O papel do príncipe Siegfried, no espetáculo "O Lago dos Cisnes", está lhe rendendo inúmeros elogios, além de uma ótimo salário:1.300 dólares, equivalente a 3.000 reais, por semana.

Diferentemente dos pais de Marcelo, nem todos aceitam a idéia do filho ser bailarino, pois acreditam que balé é coisa de homossexuais. Ceres Alves Araújo, professora e psicóloga da PUC, em São Paulo, afirma que "hoje, cada vez mais mulheres se engajam em profissões que antes eram consideradas masculinas. Da mesma forma, homens podem realizar atividades antes ditas femininas, sem que isso remeta à homossexualidade".

Mesmo assim, o preconceito ainda existe. Um exemplo disso é a diferença entre o número de meninas que estudam na Escola de Bailado do Teatro Municipal: 530 garotas contra apenas oito meninos. Esmeralda Penha Gazal, bailarina e diretora da escola, diz que, ao contrário das meninas, os garotos não são trazidos pelos pais. Geralmente são estimulados pela notícia de alguma grande companhia de balé internacional que esteja vindo ao Brasil, por um filme em que haja bailarinos ou por espetáculos de dança com artistas famosos.



A paixão pela dança

Mônica Mion, bailarina e diretora artística do Balé da Cidade de São Paulo, revela que os meninos normalmente se iniciam na dança após os 15 anos, quando conquistam certa independência emocional para assumir a escolha perante a família e a sociedade. "A proximidade entre os garotos e o balé acontece de forma indireta, acompanhando a irmã ou a namorada que estudam dança, por exemplo", completa Mônica.

Foi dessa forma que Gleidson Vigne interessou-se pelo balé. Quando era pequeno foi campeão de judô e chegou a jogar futebol no Flamengo, do Rio de Janeiro, por três anos. Teve sua primeira aula de dança aos 17 anos, no curso técnico de educação física. Como namorava uma menina que fazia parte de um grupo de balé, interessou-se ainda mais pela atividade. "Quando meu pai soube que eu estava dançando ficou muito bravo. Foi ao colégio para conversar com o diretor, brigou com o professor e fez escândalo" conta Gleidson.

Porém ele não desistiu: largou o futebol, ingressou numa escola de dança em fevereiro de 94 e em junho do mesmo ano já era profissional. Seu pai cortou a mesada na esperança de que ele largasse as sapatilhas e voltasse a jogar. De nada adiantou, Gleidson começou a ganhar dinheiro suficiente para se manter. "Meu pai, meus parentes e amigos só aceitaram a minha escolha quando comecei a aparecer na mídia. Aí eles perceberam que eu tinha me tornado um bailarino, um artista, não um homossexual", lembra Gleidson.

"Já fiquei muito chateado, mas o importante é que o preconceito foi vencido. Hoje meu pai se orgulha do meu sucesso e meus amigos me admiram", confessa. Muitas vezes Gleidson se divertia com a reação dos antigos colegas da época do futebol: "quando voltava ao Rio e dizia ao pessoal do Flamengo que estava fazendo balé, eles se despediam rapidamente, receosos de serem chamados de gays por estarem conversando comigo".

Hoje, aos 24 anos, Gleidson é bailarino contemporâneo do Balé da Cidade de São Paulo, um dos grupos de dança do Teatro Municipal e é casado há três anos com Andréa Thomioka, também bailarina.



Sensibilidade não é sinal de homossexualidade

Do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, o cérebro masculino é diferente do feminino. Isso determina aptidões e interesses diversos entre meninos e meninas" explica a psicóloga Ceres de Araújo.

Quando um garoto se interessa por balé, isso não quer dizer que ele tenha transtornos na identificação sexual. Significa que ele tem uma sensibilidade muito desenvolvida e uma grande capacidade para apreciação estética, funções geralmente mais apuradas nas meninas. "Se um menino de fato se interessar por esse tipo de aula, deve ter o direito de experimentar para ver se gosta", sugere a psicóloga.

Robson Lourenço, 31 anos, nunca pensou que um dia seria bailarino. Fazia aulas de sapateado e percebeu que os alunos que também faziam balé giravam e sapateavam muito melhor. Assim interessou-se pela dança clássica e acabou abandonando o emprego de bancário e a faculdade de jornalismo para buscar a verdadeira realização profissional.

Depois de três anos, entrou para o Balé da Cidade de São Paulo. Nessa época, sua mãe ainda não sabia exatamente o que ele fazia. "Quase a matei do coração quando levei a primeira malha - a roupa de bailarino - para lavar em casa. Ela tomou um tremendo susto ao ver aquilo e pensou que eu tivesse virado homossexual".

Robson explica que a preocupação de mãe acabou quando ela assistiu ao seu primeiro espetáculo. Só passou a acreditar que ser bailarino é uma profissão, no momento em que ele conseguiu comprar um apartamento e um carro com o salário da dança.

A importância do apoio da família

Ceres de Araújo alerta que reprimir um garoto que deseja dançar significa privá-lo da felicidade de perseguir seu sonho, levando-o a uma profunda frustração. "Ele tem o direito de buscar a satisfação e de sentir prazer por estar fazendo o que quer". Mas avisa: os pais devem ter consciência do preconceito que o menino irá enfrentar.

Alex Soares, 19 anos, recebeu o apoio dos pais desde o início da carreira. Hoje, como Gleidson, é membro do Balé da Cidade de São Paulo. Seu contato com a dança começou desde bem cedo, pois a mãe trabalhava numa escola de dança. Aos seis anos começou a aprender sapateado e jazz e aos dez interessou-se pelo balé clássico.

No caso de Alex, a patrulha veio por parte dos amigos. "Evitava contar que era bailarino para não ser injustamente taxado de homossexual. Quando eles descobriram fizeram faixas para me gozar, mas a diretora do colégio acabou com a farra". Passada a surpresa, tudo voltou ao normal. Alex continuou a jogar futebol com os amigos e se reintegrou ao grupo. "Mas sem o apoio da família não teria suportado a pressão social", ele garante.

Fonte: Studio Developpé


Desfrute um pouco do universo dos bailarinos:


© Charlotte MacMillan Ivan Vasiliev and Natalia Osipova

Photo: Zarina Holmes / Sojournposse ©
Thiago Soares e Marianela Nuñez

The Royal Ballet’s Alina Cojocaru and Johan Kobborg in Mayerling.

Copyright 2008 by Marc Haegeman
Ivan Vasiliev

Luigi Campa

Yonah Acosta
 
Mikhail Baryshnikov


quarta-feira, 4 de julho de 2012

Panché


Qual bailarina não gostaria de ter um penchée maravilhoso como o da Beckanne Sisk em "Diana and Acteon" ?!

...

Penché quer dizer: Inclinado, descreve todas as poses na qual a bailarina inclina o seu torso para frente na proporção em que estende/levanta a perna, como o arabesque-penchée e o penché attitude.

Penché attitude
Arabesque-penché

* O movimento pode ser feito com o pé todo no chão, em meia ponta ou na ponta, e ainda, essa inclinação pode ser imediata e rápida, ou, lenta e dramaticamente controlada.

Dicas:
  • É de grande importância trabalhar as extensões de perna. (Caso você tenha uma extensão completa da perna, comece a treinar sua hiperextensão, afinal, bailarina tem que melhorar tudo sempre!);
  • É necessário ter equilíbrio, portanto, vamos correr atrás do trabalho duro, né?!;
  • Quando abaixar (levemente) seu tronco na hora do penché, nunca olhe para baixo!
    Você deve olhar por cima da mão, na direção em que a mesma "aponta", assim você mantêm a linha do seu corpo em harmonia.

Fonte:  La Danse du Coeur

domingo, 1 de julho de 2012

Entrevista exclusiva com a bailarina Ariele Gomes


Após o sucesso da primeira entrevista que realizei com a bailarina Luiza Lopes (São Paulo Companhia de Dança) para publicar aqui no blog, é óbvio que eu não poderia deixar de correr atrás das próximas! rs

Entrei em contato com a bailarina Ariele Gomes, que se encontra atualmente no Ballet Nacional del Sodre (BNS), em Montevideo (Uruguai), sob a direção de Julio Bocca.

Mesmo estando em turnê, a educadíssima bailarina me concedeu um pouco do seu tempo e respondeu algumas perguntinhas básicas que fiz a mesma.

Devo dizer que me encantei ainda mais com essa bailarina, que é um grande exemplo de que vale a pena correr atrás de seus objetivos, pois a determinação faz muita diferença!

Confira a entrevista abaixo:

- Pra quem não a conhece, defina a Ariele por si mesma:

"Me definir é difícil, porém sou aquela pessoa que lutou e luta pelos seus objetivos com caráter, sem passar por cima de ninguém, que ama o que faz e que ama estar com a família e com os amigos, compartilhando todos os momentos. Aquela que não gosta de estar sozinha, mas que ao mesmo tempo consegue enfrentar a solidão quando necessário, mesmo com a presença de muitas pessoas ao seu redor. Me considero também uma grande amiga. Já em relação a "Ariele Bailarina", sou a que dança para ser feliz acima de tudo!"

- De onde surgiu essa vontade de ser bailarina?

"Bom, a vontade de ser bailarina é uma história complicada (risos).

Quando criança, eu queria ser modelo. Era a minha irmã mais velha que era bailarina (temos 10 anos de diferença). Ela queria que eu entrasse no ballet, mas eu não gostava de jeito nenhum! Porém, como minha irmã dançava independentemente em competições e minha mãe que a levava e fazia o som e a iluminação, eu tinha cerca de 8 anos e tinha que ir junto.

Aos poucos fui me encantando com as luzes, as roupas, maquiagens... e foi aí que eu falei pra minha irmã que queria dançar, então ela me disse que para dançar eu precisava fazer aula. Foi a partir daí que comecei a me inspirar, e cada aula e ensaio com ela era um passo adiante!"

- Como bailarina, quem você tem como inspiração? E como pessoa?

"Como qualquer outra bailarina, tenho como grandes inspirações algumas bailarinas conhecidas. Sendo elas: Alina Cojocaru, Marianela Nunez, Svetlana Zakharova, Polina Semionova, entre outras.

Como pessoa, tenho minha família como inspiração, pois a mesma sempre me ensinou a ter muita garra e força para ir atrás dos meus objetivos, e me ensinou a lutar de maneira honesta, só assim acredito que um bailarino pode chegar no topo e se manter lá"

- Como está sendo fazer parte do Ballet Nacional del Sodre?
Foto Nelson López

"Estou aprendendo muito aqui no BNS com maestros incríveis, fora ter o Julio Bocca como diretor, que é um grande nome. As oportunidades que tive aqui também são um grande ensinamento, como ser escalada para papéis principais, conhecer países, teatros e pessoas novas, é realmente incrível. Também estou crescendo muito como pessoa, devido a experiência de morar sozinha e este ser o meu primeiro trabalho, tudo isso conta!"

- Quais são os maiores sacrifícios que você enfrenta diariamente em prol de sua carreira?

"Sacrifícios... é difícil dizer, porque eu não sinto que faço nenhum sacrifício. Não me sacrifico em nada, pois amo o que faço!"

- Na sua opinião, qual a melhor contribuição que a dança traz para o público?

"É meio difícil pensar como público, mas o que nós bailarinos queremos é que a platéia veja algo que é mágico, real porém mágico, que sinta emoções diferentes que talvez no dia a dia não tenham a oportunidade de sentir"

- Para encerrarmos, deixe uma mensagem para os(as) bailarinos(as) que estão lendo a entrevista...

"Acho que a mensagem é: Faça o que você ama, e se você ama vai em frente, porque só assim podemos chegar ao nosso objetivo, mesmo sabendo que nunca vai estar bom. É ter a força de seguir tentando e trabalhando, para poder fazer o melhor de cada um, e ser feliz acima de tudo!"

Entrevista realizada em: Junho de 2012
 

Site Info

Dicas úteis para bailarinos; Entrevistas; Divulgação de audições/eventos - principalmente os realizados em minha cidade (Salvador-BA)/espetáculos/bailarinos/workshops/cursos e etc. Tudo isso você encontra no "Expressão da minha alma", que reúne em um único espaço "de tudo um pouco" sobre o mundo da dança.

Criado em fevereiro de 2012 o blog "Expressão da minha alma" é uma página que criei com o objetivo de compartilhar diversos assuntos relacionados ao mundo da dança, em sua maioria, questionamentos levantados por mim mesma ao decorrer da minha carreira de bailarina. Esse espaço é destinado principalmente a outros bailarinos, que assim como eu gostam de se manter sempre atualizados. Nós bailarinos vivemos em constante aprendizado e foi justamente com essa linha de pensamento que tomei a iniciativa de criar esse blog, afinal, ao publicar algo também estarei aprendendo cada vez mais sobre essa arte, pois antes faço uma breve pesquisa (quando necessário) para postar artigos de conteúdo, com isso, também estarei aprendendo cada vez mais sobre essa arte.

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