quinta-feira, 12 de julho de 2012

Ballet é arte, e arte não tem sexo


Quem tem conhecimento sobre o ballet, sabe que o papel masculino dentro dessa vertente da dança, é muito importante por requerer força e virilidade.

É um grande equívoco por parte de alguns dizer que ballet "é coisa de menina" ou que homens que dançam são todos homossexuais. Dito isso, é automático considerarmos essa pessoa ignorante e desinformada.

Não nego que existam sim homossexuais no universo da dança, é algo muito comum, mas em que profissão hoje em dia não existe essa diversidade sexual?! E ainda que seja algo muito comum, o número de bailarinos héteros também é grande e temos muitos exemplos mundo afora de bailarinos profissionais reconhecidíssimos e bem-sucedidos em suas carreiras que são casados com mulheres, em sua maioaria também bailarinas.

Alguns exemplos:

  • Thiago Soares e Marianela Nuñez (The Royal Ballet)
  • Francisco Timbó e Melissa Timbó (Teatro Municipal do RJ)
  • Johan Kobborg e Alina Cojocaru (The Royal Ballet)
  • Ivan Vasiliev e Natalia Osipova (Mikhailovsky Theatre)

Cada um tem a sua opção sexual e de maneira alguma a sua vida pessoal interfere na profissional, ainda que um bailarino seja homossexual, se ele leva o seu trabalho a sério, a sua opção sexual passa despercebida no palco pois ali ele interpreta a personagem que lhe foi confiada.

Acompanhe abaixo algumas matérias que encontrei na rede e que faço questão de compartilhar com os leitores do blog.


Héteros falam do preconceito em dançar balé

Além de encarar uma maratona de treinos todos os dias, os garotos que decidem fazer ballet ainda precisam lidar com outro problema: o preconceito.

Visto como uma atividade específica para mulheres, o ballet fascina meninos adolescentes que sonham um dia viver para dançar. Hélio conheceu o ballet aos 12 anos. Pela dedicação e responsabilidade, acabou ganhando uma bolsa para estudar em uma escola no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje, após cinco anos, ele relembra sua trajetória: “Muitos amigos meus pararam de falar comigo. Diziam que eu era gay, que não podiam andar comigo porque eu fazia ballet”, afirma Hélio, que não se arrepende de nada, muito pelo contrário, até se orgulha por ter passado e estar passando por tudo isso.

O professor de dança Juan Pablo também tem história para contar. Juliana, que também é bailarina, tinha dúvidas sobre a sexualidade do namorado e a primeira pergunta feita a ele foi se Juan era “bem resolvido”. Juan não perdeu o rebolado e categoricamente disse que era “bem resolvido até demais”. “O preconceito existe sim, mas o bailarino hétero pega muito mais menina do que os caras por aí”, acredita Juliana.

Apesar do otimismo dos depoimentos acima, Nelma Darzi, professora e dona de uma academia de dança no Rio, mostra que o preconceito continua enraizado. “Eu criei rapazes que entraram aqui na faixa dos oito anos de idade. E, realmente, eles tinham gestos muito femininos. Mas, aqui dentro da escola, por conta do carinho das pessoas, e por cobrarem essa posição de que você é um menino, você é um rapaz e seu papel tem que ser de homem e não de moça, eles foram modificando esse gestual efeminado, adquirindo uma postura masculina”.

O jovem Matheus também confirma o estigma carregado pelos bailarinos. Praticante de futebol, ele conta que quando decidiu trocar as chuteiras pelas sapatilhas, família e amigos se surpreenderam. “Minha mãe nunca se intrometeu, mas uma vez ela perguntou se era isso mesmo que eu queria fazer e se não estava virando viado”, revela o jovem.

Uma coisa é certa. Independente da sexualidade de cada um, o balé é lindo.

Fonte: Site e revista - ACAPA


A história do Marcelo

Marcelo Gomes tinha cinco anos quando começou a dar as primeiras piruetas. De tanto observar a irmã mais velha, que fazia dança, ele conseguia imitar toda a coreografia e aos sete anos seus pais o matricularam numa escola de balé clássico, no Rio de Janeiro.

Hoje, aos 21 anos, ele é um dos mais promissores bailarinos do mundo e integra o time de uma das principais companhias de dança clássica dos Estados Unidos, a American Ballet Theatre. O papel do príncipe Siegfried, no espetáculo "O Lago dos Cisnes", está lhe rendendo inúmeros elogios, além de uma ótimo salário:1.300 dólares, equivalente a 3.000 reais, por semana.

Diferentemente dos pais de Marcelo, nem todos aceitam a idéia do filho ser bailarino, pois acreditam que balé é coisa de homossexuais. Ceres Alves Araújo, professora e psicóloga da PUC, em São Paulo, afirma que "hoje, cada vez mais mulheres se engajam em profissões que antes eram consideradas masculinas. Da mesma forma, homens podem realizar atividades antes ditas femininas, sem que isso remeta à homossexualidade".

Mesmo assim, o preconceito ainda existe. Um exemplo disso é a diferença entre o número de meninas que estudam na Escola de Bailado do Teatro Municipal: 530 garotas contra apenas oito meninos. Esmeralda Penha Gazal, bailarina e diretora da escola, diz que, ao contrário das meninas, os garotos não são trazidos pelos pais. Geralmente são estimulados pela notícia de alguma grande companhia de balé internacional que esteja vindo ao Brasil, por um filme em que haja bailarinos ou por espetáculos de dança com artistas famosos.



A paixão pela dança

Mônica Mion, bailarina e diretora artística do Balé da Cidade de São Paulo, revela que os meninos normalmente se iniciam na dança após os 15 anos, quando conquistam certa independência emocional para assumir a escolha perante a família e a sociedade. "A proximidade entre os garotos e o balé acontece de forma indireta, acompanhando a irmã ou a namorada que estudam dança, por exemplo", completa Mônica.

Foi dessa forma que Gleidson Vigne interessou-se pelo balé. Quando era pequeno foi campeão de judô e chegou a jogar futebol no Flamengo, do Rio de Janeiro, por três anos. Teve sua primeira aula de dança aos 17 anos, no curso técnico de educação física. Como namorava uma menina que fazia parte de um grupo de balé, interessou-se ainda mais pela atividade. "Quando meu pai soube que eu estava dançando ficou muito bravo. Foi ao colégio para conversar com o diretor, brigou com o professor e fez escândalo" conta Gleidson.

Porém ele não desistiu: largou o futebol, ingressou numa escola de dança em fevereiro de 94 e em junho do mesmo ano já era profissional. Seu pai cortou a mesada na esperança de que ele largasse as sapatilhas e voltasse a jogar. De nada adiantou, Gleidson começou a ganhar dinheiro suficiente para se manter. "Meu pai, meus parentes e amigos só aceitaram a minha escolha quando comecei a aparecer na mídia. Aí eles perceberam que eu tinha me tornado um bailarino, um artista, não um homossexual", lembra Gleidson.

"Já fiquei muito chateado, mas o importante é que o preconceito foi vencido. Hoje meu pai se orgulha do meu sucesso e meus amigos me admiram", confessa. Muitas vezes Gleidson se divertia com a reação dos antigos colegas da época do futebol: "quando voltava ao Rio e dizia ao pessoal do Flamengo que estava fazendo balé, eles se despediam rapidamente, receosos de serem chamados de gays por estarem conversando comigo".

Hoje, aos 24 anos, Gleidson é bailarino contemporâneo do Balé da Cidade de São Paulo, um dos grupos de dança do Teatro Municipal e é casado há três anos com Andréa Thomioka, também bailarina.



Sensibilidade não é sinal de homossexualidade

Do ponto de vista do desenvolvimento cognitivo, o cérebro masculino é diferente do feminino. Isso determina aptidões e interesses diversos entre meninos e meninas" explica a psicóloga Ceres de Araújo.

Quando um garoto se interessa por balé, isso não quer dizer que ele tenha transtornos na identificação sexual. Significa que ele tem uma sensibilidade muito desenvolvida e uma grande capacidade para apreciação estética, funções geralmente mais apuradas nas meninas. "Se um menino de fato se interessar por esse tipo de aula, deve ter o direito de experimentar para ver se gosta", sugere a psicóloga.

Robson Lourenço, 31 anos, nunca pensou que um dia seria bailarino. Fazia aulas de sapateado e percebeu que os alunos que também faziam balé giravam e sapateavam muito melhor. Assim interessou-se pela dança clássica e acabou abandonando o emprego de bancário e a faculdade de jornalismo para buscar a verdadeira realização profissional.

Depois de três anos, entrou para o Balé da Cidade de São Paulo. Nessa época, sua mãe ainda não sabia exatamente o que ele fazia. "Quase a matei do coração quando levei a primeira malha - a roupa de bailarino - para lavar em casa. Ela tomou um tremendo susto ao ver aquilo e pensou que eu tivesse virado homossexual".

Robson explica que a preocupação de mãe acabou quando ela assistiu ao seu primeiro espetáculo. Só passou a acreditar que ser bailarino é uma profissão, no momento em que ele conseguiu comprar um apartamento e um carro com o salário da dança.

A importância do apoio da família

Ceres de Araújo alerta que reprimir um garoto que deseja dançar significa privá-lo da felicidade de perseguir seu sonho, levando-o a uma profunda frustração. "Ele tem o direito de buscar a satisfação e de sentir prazer por estar fazendo o que quer". Mas avisa: os pais devem ter consciência do preconceito que o menino irá enfrentar.

Alex Soares, 19 anos, recebeu o apoio dos pais desde o início da carreira. Hoje, como Gleidson, é membro do Balé da Cidade de São Paulo. Seu contato com a dança começou desde bem cedo, pois a mãe trabalhava numa escola de dança. Aos seis anos começou a aprender sapateado e jazz e aos dez interessou-se pelo balé clássico.

No caso de Alex, a patrulha veio por parte dos amigos. "Evitava contar que era bailarino para não ser injustamente taxado de homossexual. Quando eles descobriram fizeram faixas para me gozar, mas a diretora do colégio acabou com a farra". Passada a surpresa, tudo voltou ao normal. Alex continuou a jogar futebol com os amigos e se reintegrou ao grupo. "Mas sem o apoio da família não teria suportado a pressão social", ele garante.

Fonte: Studio Developpé


Desfrute um pouco do universo dos bailarinos:


© Charlotte MacMillan Ivan Vasiliev and Natalia Osipova

Photo: Zarina Holmes / Sojournposse ©
Thiago Soares e Marianela Nuñez

The Royal Ballet’s Alina Cojocaru and Johan Kobborg in Mayerling.

Copyright 2008 by Marc Haegeman
Ivan Vasiliev

Luigi Campa

Yonah Acosta
 
Mikhail Baryshnikov


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Dicas úteis para bailarinos; Entrevistas; Divulgação de audições/eventos - principalmente os realizados em minha cidade (Salvador-BA)/espetáculos/bailarinos/workshops/cursos e etc. Tudo isso você encontra no "Expressão da minha alma", que reúne em um único espaço "de tudo um pouco" sobre o mundo da dança.

Criado em fevereiro de 2012 o blog "Expressão da minha alma" é uma página que criei com o objetivo de compartilhar diversos assuntos relacionados ao mundo da dança, em sua maioria, questionamentos levantados por mim mesma ao decorrer da minha carreira de bailarina. Esse espaço é destinado principalmente a outros bailarinos, que assim como eu gostam de se manter sempre atualizados. Nós bailarinos vivemos em constante aprendizado e foi justamente com essa linha de pensamento que tomei a iniciativa de criar esse blog, afinal, ao publicar algo também estarei aprendendo cada vez mais sobre essa arte, pois antes faço uma breve pesquisa (quando necessário) para postar artigos de conteúdo, com isso, também estarei aprendendo cada vez mais sobre essa arte.

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