Ballet de I'Opéra National de Bordeaux |
Enquanto isso, na caixa ao lado luxuosamente decorada, o Mouro está deitado sobre almofadas, brincando com um coco, tentando parti-lo. A Bailarina olha-o pela porta e, sentindo-se bem-vinda, entra, dança para ele e chama-o para dançar com ela.
Do lado de fora, Petrouchka escuta a alegria dos dois e, sem saber o que fazer, cheio de ciúmes, entra na caixa do Mouro e os vê dançando muito juntos, muito felizes. Furioso, se atira sobre o Mouro, lutando ferozmente com ele, e a Bailarina, sem dar a menor atenção a nenhum dos dois, foge para longe dali.
Sentindo a força de Petrouchka e vendo-se mais fraco, o Mouro apanha sua espada e com ela empurra o inimigo para a frente do teatro, até jogá-lo na rua.
A feira ainda estava movimentada, quando a multidão escuta um estranho barulho vindo do teatro do mágico; correm todos para lá e ainda conseguem, apavorados, ver a briga dos bonecos e o Mouro matar Petrouchka com um golpe de espada. Todos se reúnem em volta do seu corpo sem vila, que é agora, apenas um monte de madeira quebrada. O barulho da feira se transformou num grande silêncio e alguém chama o apresentador para que ele veja o resultado de sua mágica, culpando-o pela tragédia. Ele se defende dizendo que são apenas bonecos de madeira, sem vida, mas os assistentes ficam confusos, olhando para o chão, tristes pelo destino do pobre Petrouchka quebrado, que não era de carne e osso como parecia ser. Aos poucos as pessoas vão se afastando e o Mágico, sozinho, sem nenhuma pena ou carinho pelo seu boneco, começa a recolher o que havia sobrado dele para jogar fora.
De repente, porém, parou assustado ao ouvir um grito e, quando olhou para cima viu em cima do telhado do teatro, iluminado por uma luz clara e fria, o fantasma de Petrouchka apontando para ele, culpando-o pelo que aconteceu. A vida que recebeu do Mágico havia sido destruída, mas seu espírito estava vivo e o perseguiria para sempre.
PETROUCHKA
Música: Igor Stravinsky
Coreografia: Michel Fokine
Estréia: (Ballet Russo de Diaghilev) Teatro Châtelet, Paris - França – em 13 de junho de 1911
Fonte: Repertório