Qual é o tamanho de sua entrega ?
Por Maria Luisa
"Ballet
 clássico. O tom que coloco em minha fala ao dizer isso é de uma força e
 uma paixão sem igual. Sei bem que não sou a única a pensar desta forma,
 que há uma legião de pessoas que sonham acordadas com o ballet. Somos 
varridos pela música e colocamos todo o nosso empenho para fazermos parte desse mundo.
Por quê?
Penso sobre isso há tempos e várias respostas surgiram a minha mente. A que mais me convenceu é a que segue.
As
 meninas são colocadas aos 7 anos - até menos - em um mundo cor de rosa 
de conto de fadas, de música, de um palco que parece um mundo 
imaginário, paralelo, um lugar onde elas podem SER PRINCESAS.
Há
 um longo caminho para se participar disto e estas meninas são 
condicionadas a não desistirem, a se sujeitarem a todos os tipos de 
dificuldades que cincundam o ballet clássico. Elas não conhecem outro 
mundo.
A
 bailarina é conhecida como um ser mágico, intocado, aquele da caixinha 
de música. Uma imagem a ser admirada, uma beleza que nunca poderá ser 
alcançada. Uma beleza que não pôde ser alcançada por aquelas que não 
suportam o peso da responsabilidade que o ballet trás e o abandonam, 
mantendo viva no imaginário a imagem de si mesmas como grandes 
bailarinas.
E
 foi aí que me dei conta de que uma garotinha é colocada em um mundo de 
tantos sonhos e de tamanha beleza que quando se depara com esta beleza, 
não quer presenciar nada que não seja belo. Não há porta de saída, 
apenas de entrada. Uma vez que o ballet entra em nossa
 vida, ele se impregna em nossa alma e se torna permanente. Ballet não é
 uma distração, e sim, parte de nossa identidade, uma vez que carrega 
como responsabilidade não apenas formar bailarinos, mas trazer a tona 
cada dia mais o ser humano em sua própria essência.
Admiro os bailarinos, pois eles têm o coração nobre, uma história de renúncia, de sacrifício, de entrega.
Quero
 sempre ter esta força. A força de dizer não para todas as outras coisas
 e renunciá-las em nome do ballet clássico. Assim foi feito por Nureyev e Pavlova, que entregaram a última gota da própria existência em nome da arte e de sua eternização.
PS:
 Rudolf Nureyev faleceu em 1993 de complicações da Aids, sendo que  
depositou toda sua paixão arrebatadora para dirigir uma produção de La 
Bayadere para o Ballet Opera de Paris em 1992, ano em que já estava com a
 saúde altamente comprometida.
Anna Pavlova faleceu em 1931 de pneumonia e dizem que suas últimas palavras foram "Execute o último compasso bem suave" (sobre A Morte do Cisne, ballet que a consagrou).
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